quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES (Part. Final)

Um estudo sobre Santa Clara leva à percepção de que Clara não se compreende independentemente de Francisco. São Francisco foi para Santa Clara um instrumento de conversão. Nos seus escritos, o nome de São Francisco é citado 31 vezes. Enquanto que nos Escritos de São Francisco não aparece o nome de Clara uma só vez. O relacionamento de Clara com Francisco é muito mais conhecido através dos escritos de Clara. A Forma de vida escrita por São Francisco, a Última vontade de São Francisco foram inseridos por Clara em seus escritos. Todo o amor e dedicação de São Francisco pela fraternidade de São Damião, a sua atenção para com aquele pequeno rebanho nos é conhecido através de Clara. Chega, então, até nós a imagem de Francisco vista por Santa Clara. Seria, então, Clara alguém que nos ajuda apenas a conhecer melhor São Francisco? Creio que não se pode fazer essa afirmação. O silêncio de São Francisco em seus escritos sobre Santa Clara reflete aquele respeito à individualidade e à originalidade que ele também tinha para com cada irmão. Ao redor de São Francisco cada irmão podia ser ele mesmo. O Evangelho era a fonte comum. Todos bebiam da mesma água. Ligados à mesma fonte, todos respondiam criativamente segundo a própria originalidade. A fisionomia da fraternidade era dada por Deus através do Evangelho. Não era Francisco quem moldava os irmãos. Por isso, nasceu uma fraternidade original. O relacionamento de Francisco com Santa Clara se deu da mesma forma. Santa Clara pode ser ela mesma. A sua Fraternidade não foi uma cópia da Fraternidade de São Francisco. O que ela aprendeu de São Francisco foi a pedagogia evangélica. E, segundo a bula de canonização, São Francisco teria insistido para que ela assumisse o governo do convento e das irmãs de São Damião. Isso revela que São Francisco ajudou Santa Clara a ser ela mesma e assim enriquecer a família franciscana com a sua resposta individual de mulher. Santa Clara, na sua humildade, não seria capaz de atribuir alguma coisa a si mesma. Ela reconhece que todos os dons têm sua origem na única fonte do Bem, aquele que é o Sumo Bem. Quando suas irmãs falam do processo de canonização, aí emerge todo o esplendor de alguém que plantou a semente da santidade no coração das companheiras. Quando a Igreja fala na figura do Papa Alexandre IV, na bula de canonização, há todo o reconhecimento de uma vida que "iluminou pelas suas obras luminosas", "escondia-se num mosteiro apertado, mas espalhava-se amplamente pelo mundo afora"; "vivia oculta na cela, mas era conhecida nas cidades".


Notas
1. Cf. R. Manselli, San Francesco, Bulzoni Ed., Roma, 1980. 2. Cf. ClaLeg 5. 3. FF 2927-2928. 4. ClaLeg 5. 5. ClaLeg 5. 6. ClaLeg5. 7. Cf. Processo di Canonizzazione, FF 3125-3126; sobre a "fama pública", cf. R. Manselli, San Francesco,34-35. 8. ClaLeg6. 9. ClaLeg 8. 10. FF 2205-2207. 11. ClaTest 30-32. 12. ClaTest 34. 13. ClaTest 48-5l. 14. ClaTest 42. 15. ClaReg II,l. 16. ClaTest 25. 17 Test 1-3 18. ClaTest 5. 19. ClaTest 6-8. 20. ClaReg VI, 3-5. 21 ClaReg VI, 7-9 22. ClaReg 1,1. 23. Cf. ClaReg 1,5; VI, 5; VI, 10; ClaTest 25,47,40,52. 24. Cf. R. Manselli, San Francesco, 165. 25. FF 3290. 26. Cf. Processo di Canonizzazione, FF 2930. 27. ClaTest 5. 28. ClaTest 24. 29. ClaTest 19. 30. ClaTest 46. 31. ClaTest 42-43. 32. Cf. ClaTest 48-51. 33. ClaTest 27-29

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