Um percurso de alguns anos, com debates e reflexões em diferentes
instâncias sobre o tema da Amazônia, levando em consideração a nossa
presença histórica e os desafios atuais, nos impeliu a elaborar o
projeto de uma presença renovada e com novas sensibilidades.
O nosso Capítulo geral de 2009 optou por assumir o compromisso de um Projeto Integral na Amazônia
mediante o reforço da presença histórica, a criação de novas
Fraternidades e uma rede de solidariedade em âmbito de toda a Ordem, da
Família Franciscana e de outros grupos. Tal decisão capitular, de número
24, passou a ser denominado Projeto Amazônia e que se situa em meio a outras decisões de caráter claramente missionário.
O “Projeto Integral” se compreende no sentido de tomar em consideração as riquezas da biodiversidade e da natureza, hoje agredidas sistematicamente, e a diversidade de povos e culturas que
estão sendo ameaçadas. Trata-se de continuar anunciando o Evangelho na
ótica franciscana às populações amazônicas, como se faz naquele
território desde o século XVI, porém com um compromisso e uma atenção
particulares para com a criação como casa de todos os seres e com o
apoio às populações mais frágeis e ameaçadas. Neste contexto, a
evangelização tem um vínculo obrigatório com a defesa dos direitos
humanos e da própria natureza. “É impossível aceitar que na
evangelização se possa ou se deva descuidar da importância dos
problemas, hoje tão debatidos, que dizem respeito à justiça, à
libertação, ao desenvolvimento e à paz no mundo. Seria esquecer a lição
que nos vem do Evangelho sobre o amor ao próximo sofrido e necessitado.”
(EN, 31) O nosso Ministro geral Frei José Carballo pede aos Ministros e
Custódios da Ordem, em especial aos da América Latina, que criem nas
suas Entidades a consciência sobre a importância da Amazônia para a
humanidade e sustentarem com frades idôneos a Igreja e as Entidades
desta região em vista de uma presença franciscana significativa.
(Introdução ao folder Presença Franciscana na Amazônia)
O MOMENTO ATUAL DO PROJETO
No momento atual chegamos à constituição de uma nova Fraternidade com
seis (6) missionários de diferentes países, Entidades e culturas. São
frades provenientes das quatro Conferências da América Latina. Cada um
foi apresentado pelo seu Ministro provincial ou Custódio ao Ministro
geral como candidato idôneo para esta missão. E cada um recebeu já a
obediência do Ministro geral. Um encontro em Quito, Equador, no fim de
outubro e início de novembro deste ano de 2011, foi o ponto de
referência para encaminhar a concretização desta nova Fraternidade na
Amazônia. Tal encontro consistiu em reunir os candidatos para um
primeiro momento formativo juntos. Houve a presença dos quatro (4)
Presidentes das Conferências da UCLAF, do Animador geral para a
Evangelização, do Diretor geral do Escritório de Justiça, Paz e
Integridade da Criação (JPIC), de um Definidor geral para América
Latina, de um missionário de longa experiência na região amazônica e dos
seis missionários.
Como primeiro passo foi feita uma longa partilha sobre as
experiências missionárias de cada um, sobre as motivações e o
compromisso em relação ao Projeto Amazônia. Depois foi apresentada a
Memória do itinerário percorrido até aqui em relação a
este Projeto. Seguiu-se uma ampla reflexão e discussão sobre a nova presença missionária na Amazônia, com a ativa participação de todos. Durante o encontro rezamos, celebramos, fizemos leitura orante da Palavra.
este Projeto. Seguiu-se uma ampla reflexão e discussão sobre a nova presença missionária na Amazônia, com a ativa participação de todos. Durante o encontro rezamos, celebramos, fizemos leitura orante da Palavra.
Uma segunda etapa consistiu em participar do III ENCONTRO AMERICANO
sobre JPIC, com um particular acento reservado ao tema da Amazônia.
Foram quatro dias muito ricos em partilha sobre as experiências
missionárias na Amazônia e de reflexão sobre temáticas relativas àquela
realidade e sobre os desafios atuais. Houve um amplo espaço para
apresentar o Projeto Amazônia a toda a Assembléia a qual no fim escolheu
os elementos mais relevantes e os compromissos em nível pessoal, de
Fraternidade e de Instituição.
A terceira etapa foi caracterizada por aspectos práticos para o início da nova Fraternidade:
- Todos os missionários se encontrarão em Lima, Peru, no dia 1° de fevereiro de 2012, e serão acolhidos por Frei Mauro Vallejo, Ministro da Província S. Francisco Solano, que será a Entidade de referência jurídica para a Fraternidade, e farão visitas às Fraternidades locais para criar uma primeira relação de familiaridade.
- Os seis missionários se apresentam ao centro médico local, pertencente àquela Província, para deixar os seus dados referentes ao estado de saúde.
- Os seis missionários participarão do programa de formação permanente daquela Província previsto para a data de 7 a 10 de
fevereiro. - Em seguida, empreenderão a viagem rumo a Requena em companhia de Frei Mauro Vallejo e do ecônomo provincial.
- Na chegada a Requena serão acolhidos por D. Juan Oliver, bispo do Vicariato, e por Frei Lorenzo Alonso, missionário na região.
- Durante os primeiros dias Frei Mauro e o ecônomo permanecerão com os missionários para arrumar as dependências da moradia.
- Nos primeiros dias de março haverá a assembléia pastoral do Vicariato da qual a nova Fraternidade participará para uma
progressiva inserção na realidade da Igreja local. - No que se refere à residência da Fraternidade, decidiu-se permanecer
por um período inicial na pequena cidade de Requena em vista da
consolidação da Fraternidade, do conhecimento do território, de uma
convivência mais demorada com o pastor; em seguida, com um discernimento
entre os missionários e em diálogo com o bispo, podem escolher o lugar
mais estável
dentro do Vicariato de Requena. - O acompanhamento da Fraternidade é confiado ao Ministro provincial da Província S. Francisco Solano e do bispo do Vicariato de Requena, em comunhão com o Presidente da UCLAF e o Governo geral da Ordem.
- Para o sustento econômico desta Fraternidade e da sua missão se compromete o Conselho Diretor da UCLAF; se criou um Fundo especial por parte da Província S. Francisco Solano; cada Presidente de Conferência da América Latina vai envolver as Entidades para uma contribuição ao sustento; se contará com ajudas do Vicariato de Requena, de Koch Fondation e do Secretariado geral para as Missões e a Evangelização.
A FRATERNIDADE E ALGUNS TRAÇOS DO SEU ROSTO
Antes de mais nada os traços do rosto desta nova Fraternidade serão
caracterizados pela contribuição de cada Frade missionário que a compõe:
Fr. Atilio Battistuz, da Província da Imaculada, Brasil; Fr. Ademir Francisco Matilde, da Custódia S. Coração de Jesus, Brasil; Fr. Eugenio Ortiz, da Província S. Miguel, Argentina; Fr. Bernardo González Guerrero, da Província S. Francisco y Santiago, México; Fr. Vicente Patricio Guerra Torres, da Província S. Francisco, Equador; Fr. Edel Chanchari, da Província S. Francisco Solano, Peru.
A primeira grande tarefa será construir uma verdadeira Fraternidade,
na qual a diversidade dos irmãos é respeitada e promovida como uma
riqueza, mas na qual se vive também a comunhão interpessoal e fraterna.
A Fraternidade é orientada a ser verdadeiramente uma Fraternidade
missionária e evangelizadora, sem que os membros se espalhem para
assumir várias paróquias ou vários projetos individuais. Os Frades da
Fraternidade podem até assumir pouco
a pouco compromissos diversos, mas sempre em base ao discernimento na Fraternidade e mantendo a comunhão fraterna. Além disso, a Fraternidade não é destinada a resolver todos os problemas eclesiais ou sociais ou ecológicos da região. Esta é enviada para ser uma presença evangélica e franciscana, dando prioridade aos valores próprios do nosso carisma, isto é à dimensão contemplativa, à vida fraterna em comum, à minoridade, ao espírito missionário em fraternidade. A primeira atitude deverá ser a do discipulado, para escutar, contemplar, aprender, conhecer, aproximar-se e criar relações de amizade e fraternidade.
a pouco compromissos diversos, mas sempre em base ao discernimento na Fraternidade e mantendo a comunhão fraterna. Além disso, a Fraternidade não é destinada a resolver todos os problemas eclesiais ou sociais ou ecológicos da região. Esta é enviada para ser uma presença evangélica e franciscana, dando prioridade aos valores próprios do nosso carisma, isto é à dimensão contemplativa, à vida fraterna em comum, à minoridade, ao espírito missionário em fraternidade. A primeira atitude deverá ser a do discipulado, para escutar, contemplar, aprender, conhecer, aproximar-se e criar relações de amizade e fraternidade.
A Fraternidade missionária buscará desenvolver dois movimentos: um de
inserção na Igreja e nas realidades locais, isto é no Vicariato de
Requena, que tem um território imenso com pouquíssimos agentes de
pastoral; outro é de itinerância e mobilidade rumo à realidade
pan-amazônica, procurando construir contatos, formas de articulação e de
solidariedade com outras presenças franciscanas e de outros grupos.
Esperamos que a Fraternidade possa ser uma presença nova no sentido
de novas atitudes, de leitura e interpretação dos sinais dos tempos e
dos lugares, de nova sensibilidade e compromisso para com a defesa e
promoção dos direitos das populações locais, dos mais pobres, dos
indígenas, com suas culturas e religiosidade, como também em relação à
natureza, ao ambiente e a todos os seres. Em relação à Igreja local terá
a tarefa de ajudá-la a criar um rosto mais inculturado, com formação de
comunidades, com seus ministérios e com vocações locais.
O Definitório geral insiste que haja um cuidado particular para um
bom início do projeto, levando a sério a característica de uma
Fraternidade missionária evangelizadora em chave franciscana e de
diálogo simpático e crítico com o mundo circunstante. O Definitório pede
também à Fraternidade que elabore em seguida um projeto de vida e
missão e os Estatutos peculiares para clarear bem os papéis dos
diferentes sujeitos implicados (a própria Fraternidade, o Vicariato, a
Província de referência jurídica, a UCLAF, o Governo geral e os
organismos da Cúria geral).
Um aspecto que se tornou muito claro ao longo do caminho de
preparação do Projeto é que a própria Fraternidade com os seus membros
deverá assumir um papel decisivo em dar um rosto concreto à presença
franciscana e no dar vida ao Projeto Integral na Amazônia. A esperança é que esta seja a primeira Fraternidade entre outras que virão a formar-se mais adiante.
Fr. Nestor Inácio Schwerz ofm
Definidor geral e Coordenador da Comissão pro Amazônia
Fonte: Franciscanos.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário