Não se pode
estritamente falando caracterizar a “espiritualidade” cristã como experiência
ou como cultura ou como ideologia. O termo parece hoje um tanto impreciso ou
ambíguo, visto sugerir teorias e práticas de tipo religioso sem indicar no
entanto a vida na Aliança e no Espírito de Deus.
A vida
espiritual do cristão católico recapitula em gestos e palavras a história da salvação, a
dispensação da revelação. Cada pessoa é
chamada a viver singularmente a plenitude da economia divina. A vida no
Espírito é comunicação a cada um por todos da totalidade do Mistério.
Na fé se
recebe a vida no Espírito Santo, na luz da fé ela se deixa pensar. A
experiência individual ou a psicologia religiosa não têm capacidade para
aperceber-se da comunhão na vida divina concedida aos fiéis de Nosso Senhor
Jesus Cristo. A vida cristã, visto significar participação no mistério divino,
é tão misteriosa quanto este. Ela participa amplamente na plenitude de sua
graça; mas a consciência que ela tem de si mesma é sempre inadequada diante do
mistério que a suscita, a habita e a arrasta em sua órbita. As lembranças e a
compreensão de cada pessoa são condicionadas por nossas peculiaridades humanas.
Somente a luz da fé na revelação divina coligida na Escritura e a Tradição
ensinam ao cristão aquilo que ele vive. Somente a fé lhe abre a porta que dá
acesso ao segredo da sua vida no Espírito.